OAB lamenta a morte do jornalista e ex-deputado Márcio Moreira Alves
Brasília, 04/04/2009 - O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, lamentou hoje (04) a morte do jornalista e ex-deputado Márcio Moreira Alves, ocorrida na noite desta sexta-feira, no Hospital Samaritano, após cinco meses de internação vítima de falência múltipla dos órgãos. Segundo Britto, "a morte de Márcio Moreira Alves evoca mais uma triste página da história contemporânea do Brasil, em que figurou ao lado das forças da democracia, em franca resistência à ditadura". Ele lembrou que o jornalista sempre protestou contra o véu de silêncio do que ocorreu naqueles tempos sombrios. "Não há melhor forma de homenageá-lo que insistir no esclarecimento do que ainda está encoberto, nos arquivos oficiais, a respeito da tragédia autoritária do regime militar".
Segue a nota oficial do Conselho Federal da OAB:
"A morte de Márcio Moreira Alves evoca mais uma triste página da história contemporânea do Brasil, em que figurou ao lado das forças da democracia, em franca resistência à ditadura.
Cassado por "delito" de opinião - um discurso da tribuna da Câmara dos Deputados, em 1968 -, serviu de pretexto para um dos mais nefastos capítulos do regime militar: a edição do ato institucional nº 5, que agravou ainda mais o ambiente autoritário em que o país vivia, aprofundando a repressão e a violência política.
Márcio tornou-se emblema do inconformismo de sua geração. Como jornalista, foi o primeiro a publicar um livro relatando o que se passava nos porões do regime, denunciando a prática sistemática e institucionalizada da tortura a prisioneiros políticos.
Purgou o exílio, deu aulas e conferências no exterior, contextualizando o drama autoritário que padecia a América Latina e, em seu regresso, reassumiu sua tribuna de jornalista, com independência, tornando-se voz influente no processo político.
Beneficiário da anistia, protestou sempre contra o véu de silêncio que ainda cobre parte substantiva da história daqueles tempos sombrios. Não há melhor forma de homenageá-lo que insistir no esclarecimento do que ainda está encoberto, nos arquivos oficiais, a respeito da tragédia autoritária do regime militar.
O repórter Márcio Moreira Alves, que antes dos 20 anos foi agraciado com um Prêmio Esse de Jornalismo, certamente aplaudirá."