XX Conferência: editor da CartaCapital defende consolidação da TV Pública no País
Natal (RN), 13/11/2008 - O editor especial da revista CartaCapital, Mauricio Dias, que escreve semanalmente a coluna "Rosa dos Ventos", defendeu hoje (13) a necessidade de fortalecer e consolidar a nível nacional a TV Pública no Brasil como um dos caminhos para democratizar o acesso à informação e garantir "a diversidade de opinião". "Esse é mais um caso em que a privatização não resolve. A competição no Brasil não é auto-corretiva". O tema foi tratado hoje (13) durante o painel "A função democrática da comunicação", dentro da programação da XX Conferência Nacional dos Advogados.
O jornalista afirmou que a busca do lucro, natural nas empresas privadas, tem provocado uma "competição deletéria que idiotiza e embrutece o telespectador". "O produtor é quem define o produto e, com ele, cria o tipo de consumidor que temos. Dias lembrou uma observação do escritor e pensador italiano Geavonni Sartori que considera a televisão um veículo antropogenético: "Diante do vídeo, desaparece o homo sapiens e nasce o homo videns - aquele que sofreu um regresso na capacidade de pensar".
Mauricio Dias acrescentou que a TV Pública no Brasil tem vários obstáculos a serem superados. Entre eles, a tradição da falta de dinheiro e influência partidária. "Ela não precisa estar no topo da audiência. Mas precisa ser competitiva. Isso requer bons equipamentos e bons profissionais capazes de produzirem bons programas. A BBC é um exemplo disso", afirmou, acrescentando que o poder da televisão deve estar no centro do debate político contemporâneo.
Na perspectiva da competição entre as televisões comerciais "a ignorância virou virtude", ironizou Dias em sua palestra. "É preciso viabilizar a televisão pública. Os empresários brasileiros podem tornar isso possível. Não com anúncios, que exigem a perseguição da audiência a qualquer preço. Talvez um mecanismo de isenção fiscal possa ser criado, em forma de apoio cultural ou algo que o valha", sugeriu o jornalista.
Juntamente com ele, integraram o painel, o presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Mauricio Azedo, e alguns conselheiros federais, como Marcelo Brabo Magalhães (Alagoas) - ouvidor do Conselho Federal da OAB -, Raimundo Hermes Barbosa (São Paulo) e Claudio Pereira Souza Neto (Rio de Janeiro), entre outros.