Vitória (ES) – O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Gilson Dipp, fez hoje (17) a palestra de encerramento da V Conferência Internacional de Direitos Humanos –  A Efetividade dos Direitos Humanos no Brasil,  promovida pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e conduzida pelo presidente da entidade, Ophir Cavalcante. Ao abordar na conferência magna o tema “A Comissão da Verdade como instrumento para alcançar Justiça e Paz”,  Dipp destacou que “a sociedade brasileira está se reconstruindo para reconhecer o seu passado, pois somente com o passado posto a limpo vamos construir uma democracia efetiva, em que não haja mais os ressentimentos e as mágoas que peneiram períodos negros da história do Brasil”.

Em  declaração à imprensa, pouco antes de proferir a palestra na cerimônia de encerramento da Conferência, o ministro Gilson Dipp fez um resumo da importância dos trabalhos desenvolvidos pela Comissão da Verdade. Eis a declaração do ministro:

“Hoje há um quadro nacional em que toda a sociedade está se mobilizando, com a criação de Comissões da Verdade estaduais, junto às Assembleias Legislativas. As Seccionais da OAB também estão formando comitês e grupos para debater o tema. Isso mostra que a sociedade brasileira está se reconstruindo para reconhecer o seu passado, porque só com a reconstrução do seu passado, com o passado posto a limpo, é que vamos construir uma democracia efetiva, em que não haja mais os ressentimentos e as mágoas que permeiam períodos negros da história do Brasil.

Estamos investigando um mundo em busca das graves violações dos direitos humanos, recuperando a memória e a verdade histórica. O que a lei determina é que nós tenhamos um relatório final com tudo o que ocorreu em termos de violação dos direitos humanos, fazendo as recomendações para que esse passado nebuloso não volte a ser um tormento para a sociedade, nem a atual e nem a futura, reconstruir, enfim, tudo aquilo que diga respeito a um país que passou por um período ditatorial e que precisa ver a sua história reconstruída.

Vamos fazer recomendações drásticas para que isso não se repita e vamos dar a versão oficial da Comissão Nacional da Verdade sobre todos esses fatos, divulgando tudo que foi descoberto em termos de violações de direitos humanos, sejam casos particulares ou a responsabilização do Estado como um todo, indicando as pessoas torturadas, as pessoas desaparecidas, quem foram os torturadores, quem foram os executores e, principalmente, como foi construída essa política de um Estado brasileiro totalitário".