A casa da cidadania

quinta-feira, 19 de novembro de 2020 às 12:00

Dezoito de novembro de 1930. Criação da Ordem dos Advogados do Brasil por ato de Vargas. Muito mais que um órgão de classe, muito além de um cartório de registro profissional. Muito mais que uma sigla.

Independência. Autonomia. Auto governança. Pluralidade de ideias. Colegialidade. Coragem. Transparência. Coerência. Obra coletiva. Filha da esperança. Incansável farol. Essas são as palavras e expressões que mais proximamente definem o significado da Ordem no desenho republicano, e que a tornam sui generis, não a inserindo na estrutura estatal, sequer como autarquia de regime especial, contrariamente ao que alguns desavisados parecem acreditar.

Em momentos de normalidade democrática e noutros tantos de tensionamento e até de ruptura de seu tecido, a OAB lá esteve a defender a liberdade, contra as soluções populistas recobertas do melaço autoritário, que sempre atrai os maribondos da corrupção. Nunca se acovardou. Nunca se dobrou. Nunca se deixou intimidar.

De Levi Carneiro a Raymundo Faoro, de José Cavalcanti Neves (único pernambucano) a Felipe Santa Cruz, de Eduardo Seabra Fagundes a Marcus Vinicius Furtado Coêlho, de Marcelo Lavenère a Cézar Britto, de Bernardo Cabral a Cláudio Lamachia, a OAB tem tido líderes de têmpera e convicções inabaláveis, oriundos de todos os rincões do continente nacional, revolucionários cada qual a seu tempo e seu modo, e que têm se sucedido em sua cabine de pilotagem, guiando-a nos céus da história.

Quando, nas redes sociais da internet, nesses tempos tormentosos, vê-se a OAB ser xingada, afrontada, até desmerecida, que isso não sirva de desânimo, mas de incentivo para continuar em frente, deixando que a caravana passe, enquanto os cães ladram.

Viva a OAB e que muitos outros noventa anos a contemplem na linha do horizonte.