Crimes ligados a esquadrões da morte alarmam sociedade em Alagoas

domingo, 15 de fevereiro de 2009 às 11:49


Rio de Janeiro, 15/02/2009 - Alagoas tem a maior proporção de óbitos por população carcerária do país: um morto para cada grupo de 198 presos. Em janeiro, cinco detentos foram encontrados degolados nas celas, em casos aparentes de suicídio. A Secretaria Nacional dos Direitos Humanos enviou peritos a Alagoas para analisar os dados. O Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) acreditam que um esquadrão da morte esteja agindo nas cadeias.


David Vieira foi encontrado morto com um fio de naylon enrolado ao pescoço, no dia 6 de janeiro, no presídio Cyridião Durval, em Maceió. Aparentemente, um suicídio. Para o Ministério Público, a morte custou R$ 1 mil. Segundo o MP, integrantes do crime organizado que circulam dentro dos presídios "guardados" por seguranças. São agentes penitenciários ou mesmo presos escoltando os criminosos.


Nos documentos do MP, todos sob sigilo, aparecem relatos de gás de cozinha e fogão dentro das celas e uma pensão de R$ 100, pagas por familiares aos presos. "Muitos criminosos mandam nos presídios. É o que vemos. Ninguém acredita em suicídio", relata o promotor Alfredo Mendonça.


Segundo o promotor Edelzito Andrade, a morte de David está esclarecida: agentes penitenciários receberam R$ 1 mil para eliminar o preso. Parentes de David dizem que ele nunca pensou em suicídio. As famílias dele e de outros presos procuraram a Ordem dos Advogados do Brasil. Alguns parentes temem morrer, por isso pedem que os casos não sejam identificados. (A reportagem é de Odilon Rios e foi publicada na edição de hoje de O Globo)