Britto critica “capital sem rosto”: salva empresa, não mantém emprego

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009 às 05:43

Belém (PA), 28/01/2009 - O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Cezar Britto, criticou hoje (28) a avalanche de recursos financeiros que os governos dos países, incluindo o Brasil, estão revertendo para as empresas afetadas com a crise econômica internacional, mas sem qualquer preocupação em salvar os empregos de milhares de cidadãos. A crítica foi feita por Britto ao abrir os seminários jurídicos da OAB no Fórum Social Mundial, que acontece em Belém. Britto comentou o relatório divulgado hoje pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), que prevê um forte crescimento da pobreza em decorrência da crise. Segundo a OIT, o número de desempregados deve aumentar entre 18 e 30 milhões este ano, podendo chegar a 50 milhões com o agravamento da situação econômica.


"Trilhões de dólares estão sendo alimentados para salvar empresas, mas não estão sendo dirigidos para salvar milhares de empregos. Não queremos o capital sem rosto, que mata e não apresenta a sua face", afirmou Britto, a uma platéia formada por advogados, juristas, estudantes de Direito e representantes de movimentos sociais participantes do Fórum, no Hangar Centro de Convenções.


O presidente nacional da OAB defendeu, ainda, a cobrança de compromissos por parte do governo junto às empresas e grupos econômicos que eventualmente forem beneficiados com recursos públicos em decorrência da crise mundial. "Isso porque descobrimos que as empresas que mais receberam dinheiro público nos últimos anos são as que mais demitem agora, quando mais precisamos de garantia de empregos", afirmou Cezar Britto. "Se o dinheiro é público, ele tem que retornar ao público. Não pode, ao contrário, agravar o social. Todo investimento que o governo possa fazer a fim de ajudar as empresas em crise tem que vir acompanhado da cláusula de retorno social", acrescentou.


Acompanharam a abertura dos seminários jurídicos a secretária-geral da OAB Nacional, Cléa Carpi da Rocha, o diretor-tesoureiro do Conselho Federal da entidade, Ophir Cavalcante Junior, a presidente da Seccional da OAB do Pará, Angela Sales, e vários conselheiros estaduais e federais da entidade.