Chinaglia destaca reparação a Jango e diz: OAB faz eco à sua história

sábado, 15 de novembro de 2008 às 11:27

Brasília, 15/11/2008 - "A OAB faz eco à sua própria trajetória, às suas próprias lutas, que sempre estiveram em consonância com as lutas do povo brasileiro". A afirmação foi feita hoje (14) pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP), ao destacar "o acerto" da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ao trazer, para o encerramento da XX Conferência Nacional dos Advogados, o julgamento da anistia do ex-presidente João Goulart, requerido pela viúva, Maria Thereza Goulart. Para Chinaglia, é uma reparação histórica. "Evidentemente que o sofrimento e a injustiça causados, a quem quer que tenha sido vítima do arbítrio, lamentavelmente não será reparado. Do ponto de vista histórico, no entanto, acho que é este é mais um passo importantíssimo para repor as coisas em seu devido lugar."


Ao conceder entrevista logo ao chegar ao Centro de Convenções de Natal, onde acontece a XX Conferência, Chinaglia rememorou a 7ª Conferência Nacional da OAB, realizada em Curitiba, em que a Carta da Conferência, segundo ele, conseguiu unificar as várias correntes de opinião que se opunham ao regime militar na época. "Essa XX Conferência dá continuidade, nos tempos atuais, a um tema que é universal e permanente, que é a luta pelos direitos humanos, a luta pela democracia". Afirmou. "Ainda que o momento seja outro e haja outras entidades e outros atores políticos sociais participem dessa luta, a OAB, especificamente, todos sabemos, sempre teve um papel muito relevante em um período em que outras entidades ou não existiam ou não tiveram a coragem de se posicionar".


A seguir a entrevista concedida hoje pelo presidente da Câmara ao chegar na sessão de julgamento de Jango:


P - Qual a importância de se fazer, agora, a anistia do ex-presidente João Goulart?
R - Quando do golpe no Brasil de 1964, a partir daí houve uma seqüência de golpes em outros países - Chile, Argentina, etc. Portanto, creio que a anistia de João Goulart, que é uma repercussão extremamente favorável à democracia não só no Brasil, mas em todo continente. Isso vai atravessar fronteiras. A OAB está de parabéns por essa, digamos, homenagem na forma de fazer a anistia de João Goulart.


P - É uma reparação?
R - É uma reparação histórica. Evidentemente que nós não podemos fazer a volta da roda da história. Evidentemente que o sofrimento e a injustiça causados, a quem quer que tenha sido vítima do arbítrio, lamentavelmente não será reparado. Do ponto de vista histórico, no entanto, acho que é este é mais um passo importantíssimo para repor as coisas em seu devido lugar.


P - Qual a importância de uma conferência com esse tema?
R - Acho que a OAB faz eco à sua própria trajetória, às suas próprias lutas, que sempre estiveram em consonância com as lutas do povo brasileiro. Eu estava me lembrando que neste ano, de 20 anos da Constituição, temos que nos lembrar da 7ª Conferência Nacional da OAB, em Curitiba, em que a Carta da Conferência conseguiu unificar todas as correntes de opinião que se opunham ao regime militar na época. Então, eu acho que essa XX Conferência dá continuidade, nos tempos atuais, a um tema que é universal e permanente, que é a luta pelos direitos humanos, a luta pela democracia. Eu acho muito importante. Ainda que o momento seja outro e haja outras entidades e outros atores políticos sociais participem dessa luta, a OAB, especificamente, todos sabemos, sempre teve um papel muito relevante em um período em que outras entidades ou não existiam ou não tiveram a coragem de se posicionar.